Sobre o LASA2025
Poner el cuerpo en Latinx América
Esta edição do Congresso da LASA se propõe a entrar de corpo inteiro: situar o corpo no centro da cena para desdobrar seu peso, relevância e significado. Recuperar sua matéria e memória em nossos debates e agendas; explorar sua dimensão simultaneamente particular e comunitária, biológica e digital, contingente e situada. Porque eriçar nossas peles, despertar nossos olhos e ouvidos, ativar nossas línguas significa nos lermos, nos entendermos outrxs e destituir a petrificação de uma única maneira de pensar e sentir.
Nesta oportunidade, queremos enfatizar o poder da ficção, da arte e de todas as operações estéticas fronteiriças que recortam, enquadram e recentram o que falha, o que resta do mundo. Mas também, as operações que nos fazem experimentar o gozo, explorar o indizível e materializar o inimaginável. Como Rita Segato propôs, as Humanidades são disciplinas mais poderosas porque têm a missão de nomear o mundo e, assim, habilitar outras realidades possíveis. Por isso, nesta ocasião, convidamos a situar as tecnologias da estética no coração das diversas disciplinas representadas em nossa associação e nos atrevermos a desafiar o algoritmo destrutivo de um presente difícil.
Esta edição do Congresso da LASA se propõe a entrar de corpo inteiro: reconhecê-lo como nosso primeiro dispositivo político, capaz de enfrentar a censura, a repressão e a violência. Na América Latinx, soubemos entrar de corpo inteiro perante aquilo que compromete nossa soberania e autonomia, seja Estado, governo, nação, língua, imperativos de gênero, classe ou raça e suas intersecções. Por isso, nós nos perguntamos por comunidades de corpos que vivem, sobrevivem e produzem novos saberes na região. Buscamos traçar seus percursos, desde as migrações forçadas e os exílios até seus dançantes e gozosos movimentos. No entanto, esta corporalidade criativa e trânsfuga não se restringe ao animal humano, também abarca outros organismos e matérias. Quando o ecocídio constitui uma catástrofe que nos ameaça e promete a extinção de tantas vidas, queremos interrogar as velhas e novas formas de poder e confrontá-las com saberes que interrompem as tecnologias da violência, a necromáquina e suas contramáquinas, como Rossana Reguillo já teorizou. Queremos reconhecer, assim, as potências de todos os nossos corpos para desafiar o inamovível, para produzir novas arquitetônicas e epistemologias de rebelião e emancipação.
De São Francisco, convidamos a uma discussão transdisciplinária dos saberes-ações do corpo a partir do campo expandido das Humanidades e das Ciências Sociais. Este congresso situa um olhar hemisférico para destituir a divisão entre América Latina e o Latinx. Manter o x como marca de gênero, o cuír e suas intersecções, confronta esses legados coloniais e subverte as estruturas binárias do saber. LASA propicia um diálogo na América Latinx para ativar o corpo de nossos saberes geopolíticos e culturais. Trata-se, no final das contas, de entrar de corpo inteiro, a partir do corpo e entre corpos.